"... Meu irmão diz
porque não sinto o prazer dos outros na
água do açude,
na comida, na manja,
e procuro inventar um prazer
que ninguém sentiu ainda.
Ele tem experiência de mato e de cidade,
sabe explorar os mundos, as horas.
Eu tropeço no possível,
e não desisto de fazer a descoberta
do que tem dentro da casca do impossível.
Um dia descubro.
Vai ser fácil, existente,
de pegar na mão e sentir.
Não sei o que é.
Não imagino forma, cor,
tamanho, nesse dia vou rir de todos.
Ou não.
A coisa que me espera,
não poderei mostrar a ninguém
Há de ser invisível para todo mundo,
menos para mim
que de tanto procurar fiquei com
merecimento de achar e direito de esconder."
(Carlos Drummond de Andrade)
Estudar Drummond, poesia, deu nisso. Amo!