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Espaço de reflexões e compartilhamento de ideias!

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Mais um dia...


Não vou dizer que não mereci. A vida é assim, mais perco que ganho por querer ganhar sempre. Enquanto os dados rolam na vida, perco todas as apostas, tudo que um dia fui e, de certa forma, mato meu passado; só para revivê-lo com o saudosismo dos bons dias deitado na grama e quem saber te escrever em versos.

O futuro não me pertence, assim como o passado não faz mais parte de mim - ainda que eu lembre muito mais do que projete minhas ambições agora; e nesse momento, pensando em você e nos vinte e quatro
anos e alguns dias de desgraça que se fecha em minha vida, fumo tudo o que encontro na frente e tento encontrar a razão.

Cobras, cobras criadas no meu próprio quintal, que um dia abracei e beijei, jurei amizade e amor eterno e hoje me mordem os calcanhares, destilando toda a maldade que eu fiz por merecer. Ou não, ou talvez não saiba.

Se a culpa é minha, não me cabe saber ou pensar agora, e não me cabe encontrar saída alguma; o papel molha com tudo que derramo em vômito e lágrimas e espero que de alguma forma o inferno exista e seja tão quente ou tão frio que te perturbe por gerações.

O veneno se espalha lentamente sobre as artérias, e cada vez tudo fica mais nublado e confuso. Alívio, raiva, é tudo a mesma coisa, só depende do que queremos sentir e eu quero sentir minhas mãos em volta do seu pescoço, numa forma de me livrar disso tudo que corrói por dentro.

A gente nunca espera receber a pancada de onde ela realmente vem. Devo merecer, mas é apenas o início da manhã e os deveres dessa vida fatídica que eu levo me impedem de me libertar e esquecer; talvez eu deva ir. Talvez o silêncio doa mais.

Eu devia saber, afinal parte de tudo isso é ou já foi parte de mim.  Quem sabe, eu deixei morrer… Quem sabe foi apenas a ocasião - não sei.

Só espero que isso tudo apodreça e caia, antes que o peito pare de bater, antes que o veneno me contamine e eu, por fim, vire uma cobra também.

A decepção faz o amargo.